quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Autores e raízes da mitologia grega

Esboço das raízes da mitologia grega

Tanto mitos gregos subsistiram porque os escritores antigos contaram e recontarm as histórias dos deuses e heróis em poesias, prosas e peças de teatro. Algumas versões, especialmente os dois poemas épicos de Homero - A Odisséia e a Ilíada - e as peças trágicas dos dramaturgos gregos tornaram-se clássicos da literatura mundial.

Homero
Os poemas épicos de Homero

Homero foi um dos primeiros e melhores poetas antigos. A data de seu nascimento é incerta, embora os estudiosos concordem em datá-lo por volta dos séculos VIII ou VII a.C. ele é famoso por dois poemas épicos: a Ilíada, que fala dos eventos da Guerra de Tróia, e a Odisséia, que narra as aventuras de Odisseu em sua jornada de regresso à Grécia vindo de Tróia. Essas duas épicas vieram à luz inicialmente na forma de narrativas orais que Homero organizou e reestruturou, tornando-as famosas na Grécia antiga. Ainda hoje são elogiadas por sua forma direta, pela caracterização e pela rica linguagem poética.

As obras de Hesíodo
Hesíodo

Hesíodo foi outro poeta antigo a tratar os mitos com abrangência. Sua Teogonia, provavelmente escrita nos séculos VIII ou VII a.C. conta a história da criação do cosmo, o nascimento dos deuses e a ascenção de Zeus ao poder. Seu outro poema, Trabalhos e os Dias, fala de Prometeu e das cinco idades do mundo.


Orfeu (ou tradição Órfica)

Personagem mítico da Grécia, de origem trácia, Orfeu era filho da musa Calíope (inspiradora das poesias épica e Heróica) e do rei Eagro. Considerado "Divino poeta e cantor", além de inventor da cítara, conta-se que a suavidade de sua voz e melodiosidade de seus versos acalmavam os animais selvagens e os homens em fúria. Mais extraordinário ainda, as covas das árvores se inclinavam para ouvi-lo. Apesar de sua existência na Grécia, as aventuras, o amor e o destino trágico de Orfeu só vieram a ser narrados, por escrito, pelo poeta latino Públio Virgílio Marão na sua obra As Geórgicas (séc. I a.C.).

Tendo participado da expedição dos Argonautas, casou-se, em seguida, com a ninfa Eurídice, a quem julgava "metade da sua alma". Certo dia, tempos depois de seu casamento, Eurídice foi vítima de uma tentativa de violação pelo apicultor Aristeu. Na fuga, a bela esposa de Orfeu pisou numa cobra, que lhe mordeu o calcanhar, provocando-lhe a morte. Desesperado, Orfeu resolveu ir ao Hades, ao reino dos mortos, para recuperar sua amada. De posse da sua cítara, Orfeu maravilhou todos os deuses e as criaturas do submundo. Hades, rei do mundo dos mortos, e sua mulher, Perséfone, condoeram-se de tal sorte da dor de Orfeu que lhe permitiram conduzir Eurídice de volta ao reino dos vivos. Para essa transgressão do ciclo natural havia, no entanto, uma severa condição: Orfeu iria à frente de Eurídice e, houvesse o que houvesse, em nenhuma hipótese deveria olhar para trás, até ter alcançado a luz, já fora dos recintos do Hades. Próximo à saída, no entanto, Orfeu, duvidando das promessas dos deuses e querendo certificar-se de que Eurídice o seguia, olhou para trás. Ao pôr os olhos em sua mulher, Eurídice se desfez em sombras, morrendo uma segunda e definitiva vez.

Inconsolado e mortificado pela culpa, Orfeu começou a repelir todas as mulheres, instituindo ainda os mistérios que levam o seu nome (Orfismo), destinados exclusivamente aos homens. Essas posturam geraram a fúria das Mênades (ou Bacantes), seguidoras do deus Dioniso. Numa das reuniões órficas, nas quais os participantes deixavam suas armas na entrada, as Bacantes invadiram a casa e trucidaram Orfeu e os adeptos dos mistérios.

Orfismo

Originariamente diz respeito aos mistérios instituídos por Orfeu. A interpretação fornecida por Junito de Sousa Brandão para o mito e para os mistérios (dos quais pouco se sabe) é, resumidamente, a seguinte:

"Na realidade o grande desencontro de Orfeu no Hades foi o de ter olhado para trás, de ter voltado ao passado, e ter se apegado à matéria, simbolizada por Eurídice. Um órfico autêntico [...] jamais retorna. desapega-se, por completo, do viscoso do concreto e parte para não mais regressar [...]. É assim que olhar para a frente é desvendar o futuro e possibilitar a revelação: para a direita é descobrir o bem, o progresso; para a esquerda é o encontro do mal, do caos, das trevas; para trás é o regresso ao passado, às 'hamartiai', às faltas, aos erros, é a renúncia ao espírito e à verdade" (Mitologia Grega). Esse olhar para trás, para os erros do passado, apegando-se às coisas materiais, tem o mesmo significado bíblico da passagem de Sodoma e Gomorra, na qual a mulher de Lot é transformada em estátua de sal.

Os dramaturgos

Os três grandes dramaturgos da Grécia Antiga foram Ésquilo, Sófocles e Eurípedes e todos usaram os mitos e seus enredos. A imponente trilogia de Ésquilo, a Oréstia, aborda o assassinato do herói Agamêmnon e a vingança de seu filho Orestes. Também é sua uma peça sobre Prometeu. Os temas de Sófocles incluíam Édipo, o ciclo de Tróia, Antígona e Héracles. Eurípedes também escreveu várias peças sobre o ciclo troiano além de Héracles e Alceste. Essas peças, originalmente exibidas como parte dos grandes festivais dramáticos de Atenas, então em seu auge no século XV a.C., mais tarde foramvistas por todo o mundo grego e até mesmo fora dele.

Escritores posteriores

Durante o século IV a.C. o mundo grego e sua cultura expandiram-se drasticamente quando Alexandre, o Grande, conquistou considerável parte da Ásia e do Mediterrâneo. Isto inspirou muitos escritores, inclusive Apolônio de Rodes (séc. IIIa.C.) autore de um poema épico chamado Argonáutica, que narra a história de Jasão e o Velocino de Ouro, mais tarde, o poeta Ovídio (43a.C. - 17 d.C.) recontou ma série de mitos de transformaçòes nas Metamorfoses, e nos séculos I ou IId.C. o escritor grego Apolodoro, escreveu a Biblioteca de Mitologia, que continha muitos dos mitos gregos que viriam a ser uma grande fonte de inspiração para escritores dos séculos XVI e XVII d.C.


Ésquilo
 
Sófocles
Eurípedes

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